A construção da unidade partidária, da política de alianças para 2010 e do programa de governo da candidatura presidencial estiveram no centro dos debates do primeiro da plenária nacional do CNB, na sexta-feira (5), em São Paulo. Os debates continuam neste sábado (6), com a discussão da tese a ser apresentada pela corrente no PED 2009.
Participaram da primeira mesa o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini; o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci; e o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Na segunda mesa falaram o chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho; o assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia; e o ex-ministro José Dirceu.
Coesão
Berzoini destacou o acerto das políticas governamentais contra a crise econômica e falou das pesquisas de opinião que avaliam positivamente o governo e o PT.
“Temos e aproveitar esse momento para dar coesão à base governista, consolidando o sentimento de que o projeto viável é o projeto comandado por Lula, com continuidade na pessoa da ministra Dilma”, afirmou Berzoini.
Ele aproveitou para reafirmar a resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT, no mês passado, que coloca a sucessão presidencial como prioridade na política de alianças para 2010.
“O quadro nacional é que irá definir a vitória ou derrota do PT nas próximas eleições. É preciso ter bastante firmeza em relação a isso”, disse.
Depois, referindo-se ao PED, completou: “Precisamos eleger uma direção nacional que tenha compreensão desse processo, fazendo a sucessão interna de maneira tranqüila, coesa e com unidade para viabilizar nosso projeto político maior”.
Conjuntura favorável
O deputado João Paulo Cunha também falou da popularidade do governo Lula apontada pelas pesquisas de opinião divulgadas nesta semana. “A conjugação de indicadores mostra que temos condições objetivas de ganhar em 2010”, afirmou. “Além disso” concluiu, “estamos unidos em torno de uma candidatura, temos bandeiras com um líder inconteste e condições de fazer uma campanha vigorosa”.
Para João Paulo, o PT agora tem de se dedicar prioritariamente a cinco tarefas: fazer o PED e o IV Congresso, preparar a candidatura presidencial, estabelecer a políticas de alianças para 2010, elaborar o programa de governo e, a partir do ano que vem, organizar a campanha propriamente dita.
Ele também destacou a importância de se priorizar a eleição presidencial. “Preparar eleições significa acompanhar cada um dos nossos estados. Se o centro é ganhar o governo federal, é esse centro que nos interessa”.
Novas bandeiras
Na mesma linha foi o ministro Luiz Dulci. “A prioridade é candidatura à presidência. Devemos trabalhar para que a aliança nacional se repita nos Estados”.
Dulci fez um detalhado balanço das políticas governamentais que prepararam o Brasil para o enfrentamento da crise econômica e tornou o país um dos menos afetados pelo problema, com condições de se recuperar antes que os demais.
“Nosso governo tinha e tem política articulada para enfrentar a crise. Nossa política é um todo integrado. É muito importante explicitar isso. Quando mais o debate for centrado nisso, pior para a oposição”, destacou.
Ele ressalvou porém que, para o próximo governo, o PT deve propor avanços ao que foi feiti até aqui. “Não devemos apenas apostar na idéia de continuidade. É preciso criar bandeiras políticas novos, sonhos novos. Essa é uma tarefa do conjunto do nosso partido”.
Direito à vida
Na abertura da segunda mesa, Gilberto Carvalho lembrou de como o governo Lula se dedicou a atender reivindicações de movimentos e grupos historicamente marginalizados pelo Estado brasileiro.
“Temos agora a responsabilidade de fazer com que esse projeto não termine, para que as pessoas possuam continuar a ter direito à vida”, disse.
Gilberto pregou a realização de “um grande debate” com a sociedade para elaborar o programa de governo em 2010. “O PT pode e deve estreitar o diálogo com os movimentos e a intelectualidade. Há condições morais e políticas plenas para chamar esses companheiros a debater um novo projeto para o país”.
Desafios
Na sequência, Marco Aurélio Garcia avaliou que o PT está hoje confrontado com um desafio complexo. “O que será o próximo governo? Qual direção daremos à continuidade e ao aprofundamento do projeto?”, perguntou.
Para ele, a crise do neoliberalismo se transformou, no Brasil, em oportunidade para o aprofundamento das mudanças iniciadas em 2003.
“Podemos construir uma racionalidade econômica de novo tipo, aprofundar desenvolvimentismo que tem na base a preocupação de compatibilizar crescimento, distribuição de renda, equilíbrio macro-econômico, redução da vulnerabilidade externa e democracia. Somente no governo Lula todos esses elementos estiveram presentes. Essa é grande herança que vamos deixar para o novo governo. Ela precisa ser trabalhada, aprofundada e esmiuçada”.
Na opinião de Marco Aurélio, o programa de Governo 2010 deve tocar nos chamados temas da sociedade. “São temas difíceis de enquadrar nas linhas rígidas de um programa de governo, como violência e juventude. Temos de saber como tratar essas questões, que são de grande mobilização”.
Projeto de Desenvolvimento
Na fala final, o ex-ministro José Dirceu fez um balanço dos avanços obtidos nos dois mandatos do presidente Lula e dos desafios para o próximo governo, entre eles o aprofundamento da reforma do Estado, a questão agrária, reforma política e temas setoriais como cultura e juventude.
Para Dirceu, os avanços no projeto de desenvolvimento iniciado em 2003 dependem de modificações no sistema financeiro e tributário do país. “Da maneira como está organizado hoje, o capital financeiro é poupança que não se transforma em motor da economia”, criticou.
Na avaliação do ex-ministro, a continuidade da reorganização do Estado também é fundamental para que o Brasil resolva questões centrais. “Nós resgatamos o papel do Estado brasileiro, mas está inconcluso por causa das privatizações e porque foi construído sob outra hegemonia”, lembrou.
Dirceu também deu ênfase para temas como Meio Ambiente, Saúde e, principalmente, Ciência e Tecologia. “Precisamos transformar o país em exportador de capital e de tecnologia, financiando o desenvolvimento na América Latina”, disse.
A exemplo dos demais debatedores, ele também defendeu que a priorização, na estratégia de 2010, devam ser a campanha presidencial e o aumento das bancadas na Câmara e no Senado.
“Temos as bases para avançar em cada área. Temos diagnóstico e diretrizes. Precisamos melhorar a correlação de forças na sociedade e no Congresso. E o PT tem que assumir a tarefa do programa de governo em aliança com nossa base social”, concluiu.
Fonte: CNB Foto: Rossana Lana
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